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A revolução Farroupilha teve início na noite de 19 de setembro de 1835, no Rio Grande do Sul, quando Bento Gonçalves da Silva avançou com cerca de 200 "farrapos", como eram chamados os revoltosos, sobre a capital Porto Alegre pelo caminho da Azenha, atual avenida João Pessoa. O motivo da revolta foram elevados impostos cobrados no local de venda sobre itens produzidos nas estâncias do Estado. Charqueadores e estancieiros reclamavam, ainda, de outros impostos sobre o sal importado e sobre a propriedade da terra. O objetivo dos exaltados era conseguir queriam províncias mais autônomas, unidas por uma república mais flexível.
A revolução durou quase 10 anos, sem vencedor e vencido. O tratado de paz foi assinado em Ponche Verde, pelo barão duque de Caxias e o general Davi Canabarro, em 28 de Fevereiro de 1845.
Na época, Porto Alegre era um porto comercial, e não tinha razões para aderir à revolta. Seus comerciantes não comungavam com as idéias separatistas dos líderes da região da Campanha, como Bento Gonçalves da Silva e Antônio de Souza Netto, que veio a proclamar a República Riograndense, no ano seguinte. Por isso, rechaçaram os rebeldes, em 15 de junho de 1836. A partir daí, até dezembro de 1840, a capital ficou sitiada, com dificuldades de suprimento de itens essenciais, como, charque, óleo para os lampiões, farinha, feijão e outros gêneros alimentícios.
Fora da capital, os farroupilhas passaram a ter expressivos êxitos. Porém sofreram outro duro revés perto da capital, que sitiavam, ao serem batidos na Ilha de Fanfa, quando o exército rebelde de 1.000 homens se dispersou e seu comandante, general Bento Gonçalves da Silva, foi preso e levado para a Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.
Em 1839, junta-se ao exército farrapo o corsário italiano Giuseppe Garibaldi. Eles precisavam, após 4 anos de combates, acesso à Lagoa dos Patos e ao Oceano, que eram bloqueados pelos imperialistas assentados em Porto Alegre e Rio Grande, respectivamente. Para romper o cerco, resolveram sublevar Santa Catarina, onde possuíam simpatizantes e para isso, decidiram tomar a estratégica cidade de Laguna. Garibaldi mandou construir dois enormes lanchões que foram arrastados entre o atual município de Palmares do Sul e a foz do Rio Tramandaí sobre carreta de 8 rodas, por cerca de 200 bois. Em Araranguá, já em Santa Catarina, o lanchão Rio Pardo naufragou e apenas o lanchão Seival seguiu em frente, comandados pelo americano John Griggs, apelidado de "João Grande". Em Laguna, os lancheiros, apoiados pela tropa de Davi Canabarro, obtiveram grande vitória e anexaram a Província em 29 de julho de 1839, denominando-a República Juliana.
Em Laguna, Garibaldi encontrou a costureira Ana Maria de Jesus Ribeiro, que veio a se chamar de Anita Garibaldi, e o acompanhou nas andanças da guerra. Anos mais tarde, Garibaldi voltou para a Itália, para lutar pela sua unificação e ficou conhecido como "herói de dois mundos". Os imperiais retomaram Laguna em 15 de novembro de 1839.
No Rio Grande do Sul, os farroupilhas mudaram a capital mais duas vezes para Caçapava do Sul, em 1839 e para Alegrete, em julho de 1842.
Em 14 de novembro de 1844, os farroupilhas perderam mais uma batalha no Cerro dos Porongos, situado entre os atuais municípios de Piratini e Bagé. Desta vez, o coronel imperial Francisco Pedro de Abreu, o astuto "Moringue", destroçou os 1,1 combatentes de Davi Canabarro, que foram surpreendidos enquanto dormiam.
O tratado de paz só foi assinado em 1845 e atendeu uma série de reivindicações, principalmente em relação à obtenção de tratamento mais justo por parte do governo imperial. O nome dos líderes farroupilhas está afixado em inúmeras ruas de municípios gaúchos. Em Porto Alegre, uma das principais ruas homenageia o pacificador duque de Caxias.