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A história da Comunidade Luterana de Petrópolis está intimamente ligada à história da colonização da Fazenda do Córrego Seco, na Serra da Estrela, de propriedade do Imperador Dom Pedro II que, através de seu mordomo Paulo Barbosa, contratou os serviços do Major evangélico Júlio Frederico Koehler, nomeando-o Diretor da Colônia de Petrópolis.
Nascido em Mainz, na Alemanha, veio para suprir as lacunas que surgiram no exército do jovem Império brasileiro, deixada com a retirada dos oficiais do exército português. Chegou ao Rio de Janeiro em julho de 1824, comandando 185 soldados. Após um exame prestado na Academia Militar da Corte, foi primeiramente admitido como primeiro-tenente do Imperial Corpo de Engenheiros, alcançando em 1839 o posto de Major. Koehler planejou e dirigiu os trabalhos da estrada da serra da Estrela, ligando Petrópolis e o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Como faltava mão de obra, trouxe em 1837, 238 alemães para Petrópolis. Em fins de 1845 residiam 1921 alemães em Petrópolis, dos quais, 711 eram evangélicos.
O Pastor Dr. Frederico Ave Lallemant, pároco da Igreja Evangélica Germânica do Rio de Janeiro, visitou os evangélicos residentes em Petrópolis algumas vezes, recebendo 20.000 Réis da Coroa Imperial por cada viagem e serviço religioso. Mas foi no dia 29 de agosto de 1845 que se deu a fundação da Comunidade Evangélica de Petrópolis. O primeiro pastor residente, Pastor Dr. Julius Friederich Lippold, só chegou no ano de 1846.
O templo, iniciado em 1863, era apenas uma casa, distinguida das demais pela escultura de um cálice e pães na parede externa. É o templo mais antigo da cidade. Construído na avenida Ipiranga, número 346.
Em 1903, depois de revogada a lei que impedia templos não-católicos de terem características de “igreja”, contruiu-se a torre, e acresentaram-se os elementos decorativos em estilo neo-gótico, como os arcos ogivais e os gárgulas. Na torre se encontram o relógio mecânico, que ainda hoje funciona com contrapeso, e os sinos de bronze, cuja função principal é chamar os fiéis para as celebrações. Todos originais.
No interior os vitrais chamam atenção, a começar pelas portas de quebra-vento, que supõe-se obra de Carlos Oswald, e representam as figuras de Moisés e Pedro. As coloridas janelas foram doadas por famílias e grupos de confirmandos. Na parte superior destas pode ser vista a Rosa de Lutero, desenhada pelo reformador para simbolizar seu amor e fé no evangelho.
Nas paredes estão as tabuletas que indicam os hinos que serão cantados durante o culto; e o memorial do Sargento Boening, jovem da comunidade morto na Primeira Guerra. Ao fundo, o vitral com a imagem de Cristo, de braços estendidos, nos lembra do convite que nos fez: “Vinde a mim”.
No altar, mais símbolos nos convidam a meditar: a Cruz vazia lembra a ressurreição; a Bíblia, a Palavra; as velas, a Luz da Vida; as flores, para glorificação do Senhor; e os paramentos (panos decorativos no altar e púlpitos) tem cores e figuras representativas de cada época do ano eclesiástico. Junto ao Altar, encontra-se a Pia Batismal, onde se realiza o Sacramento do Batismo.
À direita do Altar fica a Sacristia, onde os fiéis são atendidos pelos Presbíteros ou pelo Pastor; e à esquerda, o Arquivo Histórico. Neste arquivo estão documentos, fotos, Bíblias, hinários... Destacam-se os imensos pregos do forro original, a primeira Bíblia do Altar e o trono do Pastor (usado antigamente, ao lado do altar). Entre os atrativos está um órgão alemão com 860 tubos.