Description
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Pertenceu ao barão de Mamoré, Ambrósio Leitão da Cunha. Casaca em casimira abotoada na frente, de gola aberta e lapelas deitadas. Golas bordadas com fio de ouro representando ramos que se afinam nas extremidades, terminando em flores e folhas decoradas por lantejoulas e ramos denteados de que brotam espigas de arroz, contornados por debrum e trança. Do lado esquerdo do peito, pequenas alças de festonet. Botões em metal com a sigla "P 2º. I" circundada por ramos de tabaco e café. No reverso, a inscrição "Fine Treble / Treble gilt". Botões dispostos no peito, nos punhos, nas pestanas e no enfranque. Sobre a pestana direita, dois botões do mesmo tecido da casaca e duas alças de cadarço pendentes para a algibeira. Forro em cetim nas costas, e abas com dois bolsos internos forrados em cetineta, assim como o forro das mangas.
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Ambrósio Leitão da Cunha nasceu em Belém do Pará, no dia 21 de agosto de 1821, e morreu no Rio de janeiro, em 5 de dezembro de 1898. Iniciou seus estudos em Direito, em Olinda, e formou-se em Ciências Sociais e Jurídicas pela Faculdade de São Paulo. Presidiu províncias do Império (1858 a 1867) como Pará, Paraíba, Pernambuco, Maranhão e Bahia. Serviu em diversos cargos da magistratura, além de ter sido deputado-geral e senador pela província do Amazonas. Em 1885, ocupou a pasta de ministro do Império no 34º gabinete. Era proprietário da fazenda Santana do Macabu, no município fluminense, onde hoje é Trajano de Moraes, uma das mais prósperas fazendas do estado em sua época. Comendador da Ordem da Rosa e da Ordem de Cristo, era gentil-homem da Casa Imperial e veador da imperatriz Teresa Cristina, recebendo o título de barão com grandeza de Mamoré. Casou-se com Maria José da Gama e Silva, viúva com um filho e nascida em Portugal, com a qual teve seis filhos. Um deles, Pedro, morreu quando, provavelmente, se encontrava trabalhando nas obras de construção da estrada de ferro do Madeira e Mamoré. / Depois da proclamação da independência do Brasil, d. Pedro I muda as cores dos trajes da Corte pelo Decreto de 20 de setembro de 1822, no qual foi determinado um novo modelo e uma nova cor, usando o verde-escuro para todos os uniformes. Foi abolida a forma redonda e aberta, chamada “farda de corte”, assim como o colete comprido, não só dispendioso como também impróprio para o clima nos trópicos. Adotou-se, então, a casaca abotoada, com corte reto até a cintura e com abas compridas. Mas o segundo imperador assina outro decreto em 20 de julho de 1828, restabelecendo, nas fardas dos primeiros uniformes, os bordados de padrão português que eram utilizados antes da independência. Mesmo causando descontentamento na política brasileira, somente após a abdicação de d. Pedro I as fardas que foram estabelecidas em 1822 voltaram a ser usadas, mas sem uma lei que garantisse o banimento do decreto de 1828. No Decreto de 20 de agosto de 1840, foi regularizada a situação de repulsa pelo primeiro uniforme de padrão português que foi, então, oficialmente abolido. Assim, quase um mês depois da declaração da maioridade, a farda do primeiro uniforme passa a ser a farda que servia ao segundo uniforme e a do segundo passa a ser o que era o terceiro uniforme. Em serviço, foi permitido o uso de casaca verde, aberta, com gola e lapela deitadas apresentando bordados somente na gola. Essas fardas foram mantidas até o fim do Segundo Reinado. / Os camaristas ou gentis-homens usavam como insígnia uma chave de ouro sobre a pestana para algibeira, à direita. Uma vez por semana, faziam o ofício de camareiro-mor, servindo e acompanhando o imperador. / O veador ou vedor era aquele que assistia às audiências e aos atos públicos da Corte segurando cana ou bastão e, por isso, fazia parte dos Oficiais da Cana. Na falta do reposteiro-mor também era o seu papel mandar vir as iguarias que figuravam na mesa do soberano, bem como apresentar-lhe a toalha com que limpava as mãos antes e depois das refeições. Além disso, havia também o chamado veador da Casa, que, no Brasil, eram os veadores da imperatriz e das princesas. / As fardas dos veadores, estribeiros-mores, reposteiros-mores, guarda-joias e moços-fidalgos eram as mesmas que usavam os camaristas ou gentis-homens com pequenas diferenças nas respectivas bordaduras, sendo muito difícil distingui-las atualmente.
https://pt.wikisource.org/wiki/Diccionario_Bibliographico_Brazileiro/Ambrosio_Leit%C3%A3o_da_Cunha -https://pt.wikipedia.org/wiki/Ambr%C3%B3sio_Leit%C3%A3o_da_Cunha - https://www.geni.com/people/Ambr%C3%B3sio-Leit%C3%A3o-da-Cunha-Bar%C3%A3o-de-Mamor%C3%A9/6000000016060544149 - http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3316-11-junho-1887-542925-publicacaooriginal-52597-pl.html - LACOMBE, Américo Jacobina, "Nobreza Brasileira", Anuário do Museu Imperial, Vol. I, 1940 -RODRIGUES, J. W., "Fardas do Reino Unido e do Império", Anuário do Museu imperial, vol. XI, 1950 - VASCONCELOS, Barão Smith de. Arquivo Nobiliárquico Brasileiro, Lausanne, Suiça, 1950 - ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL, Ministério da Educação e Saúde, Petrópolis, Livro 11, 1950