Description
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Coroa em ouro amarelo e verde cinzelado. Cinta larga em forma ovalada que tem, no bordo inferior, dois frisos em forma de folhas de louro. Entre os frisos, fio de pérolas cultivadas. Na parte superior, festão de 16 pontas e, abaixo deste, outro friso idêntico ao da base. Abaixo de cada ponta do festão, um solitário montado em prata. Na cinta, na mesma direção das pontas dos festões, chuveiros formados por brilhantes, sendo que, no eixo principal da coroa, o chuveiro é formado por pedra maior, de formato retangular, circundado por pedras menores. Cada chuveiro é circundado pelo mesmo friso de folhas de louro que circundam a cinta. Nas pontas dos festões, dispostos alternadamente, triófilos em ouro verde arrematados por laço e, em cada ponta, roseta formada por brilhantes de diferentes tamanhos. De cada uma dessas composições sobe haste com as seguintes características: ouro polido em forma de gomos e, nas extremidades, friso de folhas de louro; no centro de cada haste, fio de brilhantes montados em prata. Na parte superior da coroa, globo de ouro polido, cintado por guarnição cinzelada e recortada, cravejada por brilhantes, da qual se eleva semicírculo montado de forma idêntica. Como suporte da esfera, florão de ouro cinzelado. No topo do círculo, cruz de Cristo cravejada de brilhantes. Forro original em veludo verde-escuro com acolchoado em cetim branco. No interior do globo, gravação das iniciais do ourives "C.M.C.” e etiqueta em papel com a inscrição manuscrita "ESTA COROA FOI FEITA EM CAZA DE CARLOS MARIN & CIA, À RUA DO OUVIDOR, 139 - JULHO DE 1841".
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil - http://www.infoescola.com/biografias/dom-pedro-ii/ - https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2015/07/18-julho-1841-coroacao-imperador-dom-pedro-ii - http://obviousmag.org/pensando_palavras_pulsantes/2017/dom-pedro-ii-um-intelectual-na-politica-brasileira.html - http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/65-o-rio-de-janeiro-novamente-corte-o-imperio/2883-no-rio-de-janeiro-a-sagracao-e-coroacao-de-pedro-ii - http://www.genealogiafreire.com.br/jeo_coroacao_e_sagracao_de_pedro_ii.htm - REGISTRO DE ESTRANGEIROS, 1831 do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro 1962, p. 15.- SANTOS, Francisco Marques, "D. Pedro II e a Preparação da Maioridade", in "Estudos Brasileiros", Vol. 7, nº 19,20 e 21, 1941. - SANTOS, Francisco Marques, "A Ourivesaria no Brasil Antigo" - in "Estudos Brasileiros", vol. 4, nº 12, 1940. - ARQUIVO DA MORDOMIA, Inventário das Joias.
Pedro II, alcunhado “O Magnânimo”, foi o segundo e último imperador do Império do Brasil durante 48 anos, de 1840 até sua deposição em 1889. Nascido no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1825, foi o filho mais novo do imperador Pedro I do Brasil e da imperatriz Dona Maria Leopoldina da Áustria. Com apenas cinco anos, foi deixado no Brasil com suas irmãs, quando seu pai abdicou o trono brasileiro, partindo para a Europa. Criado por tutores, passou a maior parte de sua infância e adolescência estudando e se preparando para governar o Brasil. Com apenas 14 anos foi sagrado segundo imperador do Brasil. Herdando um império no limiar da desintegração, Pedro II consolidou a unificação do país, foi vitorioso em três conflitos internacionais e conseguiu prevalecer sua vontade em outras disputas internacionais e tensões domésticas. Considerado um erudito, foi patrocinador do conhecimento, da cultura e das ciências, ganhando admiração de estudiosos e cientistas internacionais do século XIX. Com a proclamação da República em 1889, o imperador assim como sua família foram exilados na Europa. Morreu em Paris, em 5 de dezembro de 1891; seus restos mortais, juntamente com os da imperatriz Teresa Cristina, foram trazidos de volta ao Brasil pouco mais de 30 anos depois. O ex-imperador foi recebido como herói nacional em 1922. / A declaração da maioridade de d. Pedro II ocorreu em 24 de julho de 1840 com o apoio do Partido Liberal, pondo fim ao período regencial brasileiro. Os liberais agitaram o povo, que pressionou o Senado a declarar maior idade ao jovem Pedro II antes que ele completasse 15 anos. Esse ato teve como principal objetivo a transferência de poder para d. Pedro II para que este, embora inexperiente, usasse a sua autoridade para pôr fim às disputas políticas que abalavam o Brasil. Acreditavam que, com a figura do imperador, deteriam as revoltas que estavam ocorrendo no país. Assim, a Assembleia Geral (o Parlamento brasileiro) declarou, formalmente, Pedro II maior aos 14 anos de idade, e o jovem imperador prestou o juramento de ascensão. Foi aclamado, consagrado e coroado em 18 de julho de 1841, já com 15 anos de idade, com festividades que duraram nove dias.
Na coroação e sagração de d. Pedro II, seguiu-se mais ou menos o mesmo ritual da coroação de seu pai, d. Pedro I, e dos reis de Portugal. Além das insígnias imperiais como o Globo Imperial, o Anel, as Luvas Cândidas, o Manto, o Cetro, a Espada e a Mão da Justiça – esta introduzida no sentido puramente moral como emblema de Justiça que o poder da Coroa devia sempre exercitar –, foram apresentadas as Relíquias do Primeiro Reinado – o Manto do Fundador do Império, a Espada do Ipiranga e a Constituição do Império –, levadas, respectivamente, por João José de Andrade Pinto, o mais antigo camarista de d. Pedro I, o marquês de Barbacena e Cândido José de Araújo Viana. Em virtude da enfermidade do marquês de Barbacena, a Espada acabou sendo conduzida pelo marechal do Exército, João de Deus Menna Barreto, a maior patente do exército na época. Logo em seguida, as insígnias foram levadas até o futuro imperador. A Coroa foi levada por Miguel Calmon du Pin e Almeida; o Globo Imperial, por Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho; o Anel e as Luvas, pelo conde de Valença; o Manto Imperial, pelo marquês de Baependi; o Cetro, pelo visconde de São Leopoldo; a Mão da Justiça, por Paulino Soares de Sousa; e a Espada, por José Clemente Pereira. Presidiram a cerimônia, o marquês de Santa Cruz e o presidente da Câmara dos Deputados, o arcebispo metropolitano da Bahia e primaz do Brasil, d. Romualdo Antônio de Seixas, que coroou o imperador.
O ourives Charles (Carlos) Marin chegou ao Brasil em 1827 e foi um dos melhores joalheiros da época. Em 1836, aos 28 anos, fixou seu atelier na rua do Ouvidor, 139, e viveu na mesma rua, no número 18, no centro da cidade do Rio de Janeiro, quando recebeu encomendas para a coroação do segundo imperador do Brasil. Além da Coroa Imperial de d. Pedro II, também recebeu pedidos para fabricar as seguintes insígnias: o Globo Imperial, o Anel da Sagração de d. Pedro II e a Espada da Ordem Imperial do Cruzeiro; além disso, talheres de prata dourada, serviço de prata para almoço e outros tipos de joias. A partir de 4 de setembro de 1840, passou a possuir um alvará que lhe permitiu intitular-se "Ourives de Sua Alteza Imperial" com licença para colocar as Armas Imperiais e sua legenda na frente do seu estabelecimento.
Para a confecção das insígnias de d. Pedro II foram desmanchadas diversas joias de família, devidamente documentadas nos inventários do Arquivo da Mordomia. Para a coroa, também foram aproveitados os brilhantes da coroa de d. Pedro I e um fio de pérolas, herança paterna de d. Pedro II. Depois de pronta, a Coroa Imperial foi exposta à visitação pública na casa do ourives, sobre uma almofada de seda branca, coberta por uma redoma e cercada de luzes para colocá-la em evidência. Depois da proclamação da República, em 1889, a Coroa Imperial foi guardada no Tesouro Nacional, sendo comprada da família imperial pelo Governo Federal em 1931. A Coroa permaneceu guardada até 1943, quando foi transferida ao Museu Imperial e entregue a Alcindo Azevedo Sodré, diretor da instituição na época, e começou a ser exposta às quintas-feiras e aos domingos.